“Há quem passe por um bosque e só veja lenha para a fogueira.”
Tolstói
“No entanto se o homem quisesse poderias refazer 10 vezes o Partenon. Porém, não conseguirá nunca, recriar um único “canyon”, formado por milênios de erosão paciente, onde o sol, o vento e a água conjugaram seus esforços”
Antes que a Natureza morra
Os dois textos acima ilustram com elegância literária a problemática que estamos vivendo. A elegância literária é algo que infelizmente não possuo, por isso perdoe-me, mas a urgência da denuncia aqui, expia meu pecado de escrever sem dom.
O principal tema deste ensaio se chama: Amazônia, Carlos Minc, ONGs preservacionistas e governo.
Minha indignação está beirando a irracionalidade! Ultimamente tenho acompanhado de perto toda notícia relacionada à preservação e meio ambiente e entro com regularidade nas páginas de ONGs como Greenpeace e WWF!
Desde quando nossa querida ex-ministra Marina Silva, abdicou do cargo, e que assim sinalizou para os órgãos internacionais e nacionais que as coisas na Amazônia não iam bem (na verdade acredito que o recado dela foi mais profundo, não ia bem coisa alguma) começou uma verdadeira odisséia para proteger a Amazônia. Nosso atual ministro tem tentado combater o desmatamento e dar respostas positivas à comunidade internacional, tendo em vista a importância desta formação florestal para a biodiversidade e conservação do planeta.
Não vou questionar a importância da Amazônia, pois isso seria ridículo. Isso é inquestionável e não posso acreditar que alguém duvide da importância vital dessa formação vegetacional para a nossa própria sobrevivência.
O que me revolta é a cegueira. A extensão do nosso território da uma pista do motivo desse ensaio: 8.514.876,599 km². Um país de dimensões continentais e, portanto, com uma diversidade de clima e solo consideráveis, que são os componentes primordiais para diversidade tanto de vegetação como fauna. E não é preciso imaginar. No nosso país, existem formações vegetacionais (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrados, Caatinga, Campos Sulinos) de diversidade e importância tanto ambiental como cultural única.
O país quer acelerar o crescimento (PAC) e como resposta ao aumento nas fronteiras agrícolas teremos amplas áreas desmatadas e sem um mínimo de preocupação ou plano para garantir a preservação de áreas suficientemente extensas e diversas para garantir o bom funcionamento dos ecossistemas. Em palavras comuns, não transformar as grandes áreas naturais do país em uma colcha de retalhos, como a que fizemos com a Mata Atlântica. Esse é o ponto? Que áreas vão destruir?
Mas para que nos preocupar? Nosso presidente nos garantiu que há muitas áreas agricultáveis no país. Mas até agora não consigo entender a que áreas se referiam. Serão espaços agrícolas abandonados vítimas do mau uso do solo? Ou a área da Amazônia?
Mas a nossa tranqüilidade foi garantida, a Amazônia não será ameaçada e nosso país tem milhares de terras agricultáveis e a expansão não interferirá no processo de proteger a nossa maravilhosa e tão visada floresta.
As ONGs estão garantindo que isso não aconteça! Entrem na página do Greenpeace e WWF e vejam vocês mesmos leitores. Estamos todos de olho!
Agora uma pergunta estúpida, queridos: qual é a extensão do país?
Ah! Sim: 8.514.876,599 km².
E quantas formações vegetacionais tão importante quanto a Amazônia: cinco.
E alguém se perguntou ou deixou claro se esses ecossistemas serão ameaçados e quão deles está protegido?!
Alguém se preocupa nessas pseudoongs preservacionistas o que acontecerá com a Caatinga e Cerrado?! Claro que sim, irão me responder! Os cerrados, por exemplo, possuem 2 % (gargalhadas nervosas nesse ponto!) da área natural preservada!
Algum dos planejadores ou tomadores de decisão, da federação procurou conhecer alguma dessas áreas (Conhecer não é no mesmo sentido que visitar. Conhecer no sentido de compreender como esses ecossistemas funcionam)! Estudaram o quão complexa são as formações vegetacionais!
Saberiam, por exemplo, que o Cerrado e a Caatinga possuem diferentes fitofisionomias e, portanto, padrões ecológicos e de diversidade diferentes. Que não são uniformes ou como comumente a Caatinga é retratada, não são lugares inóspitos, feios, secos e pobres (Pobre Marinardi, cuja ignorância o fez comentar sobre a caatinga de maneira imbecil)!
Pelo contrário senhores, por exemplo, a caatinga abriga matas úmidas, formações florestais secas e as mais belas relações ecológicas que mantém os solos saudáveis, vegetação útil e extremamente rica, conhecida por centenas de anos pelos sertanejos e, é claro, pelos cientistas.
Vamos falar dos cerrados. Este possui fitofisionomias diversas e possui, ainda, duas formações biogeográficas diferentes. Os cerrados marginais e os cerrados do Brasil central. Não são áreas iguais em diversidade e ecologia. Mas áreas igualmente ameaçadas.
Vou deixar claro para os leitores que as áreas que estão protegidas dos dois tipos de formações vegetacionais (Caatinga e Cerrado) não abrigam quase nada da diversidade originalmente contida nesses ambientes.
O que me revolta é que ninguém cita os dois ambientes, em jornais, TV. O nosso ministro está preocupado demais e deixar sua imagem apresentável a comunidade internacional e, portanto, ligando apenas em mostrar todo o seu trabalho para nossa menina dos olhos!
A expansão da agricultura ameaça como nunca esses dois ambientes e ninguém, quer do governo ou organizações não governamentais parece perceber isso! Com exceção louvável da Conservação Internacional que vem garantindo um sério trabalho nas principais formações vegetacionais brasileira.
Proponho que entrevistem e procurem os cientistas! Eles estão cientes do que estamos perdendo! Um pesquisador do Cerrado e da Caatinga irá fazer seus olhos enxergarem!
A Caatinga e os Cerrados são a menina dos olhos, Senhor Ministro, de milhões de pessoas, faça, os seus, enxergarem! Enquanto isso continuem, pesquisadores, a investigar o que as nossas matas escondem, e não esqueçam de registrar! Um dia quando a população valorizar, quem sabe, ela não se contenta com vídeos e fotografia, enquanto padece nossos solos, clima, fauna e flora.
Aqui meus amigos, lamento que o que ousamos destruir não possamos reconstruir, como casas de tijolos.
S. Milena N. A. Soares