segunda-feira, março 31, 2008

Serra Talhada News

Estou em Serra Talhada acompanhando a Juliana, estagiaria da Inara.

A viagem foi cansativa, muito mesmo.

Não me lembrava que Serra Talhada era tão longe!

Amanhã começamos os trabalhos de campo e acaba a mamata da pousada com Internet...

quarta-feira, março 26, 2008

Hi Emo, ops, Hitler



A foto diz tudo!

Mais uma excelente sacada do Marcos Mion, do programa Descarga MTV.

Ontem, durante seu programa que falava sobre os Emos, ele afirmou que a ditadura dos Emos não é atual e que o primeiro Emo da história nasceu no final do século 19, na Alemanha.

Eu nunca tinha prestado atenção, mas reparando bem ele até parece Emo mesmo.

Arca de Noé Vegetal

Essa minha co-orientadora é MUITO chique!

Dando entrevista pra Globo!

Parabéns a Queila e toda equipe do Laboratório de Fisiologia Vegetal da UFMG!

Veja o vídeo sobre a Arca de Noé Vegetal aqui.

Nomes engraçados na ciência

Já faz tempo que eu quero escrever sobre esse assunto. Na verdade, eu tive essa idéia quando estava escrevendo a minha dissertação do mestrado, em 2007.

Antes de continuar meu post, eu devo explicar para alguns leitores do Miguio’s Blog como é criado e citado o nome científico. Para facilitar a minha explicação, vou me usar como modelo (pelo menos assim eu vou ser “modelo” uma vez na vida).

Meu nome completo é Marcos Vinicius Meiado e desde que entrei na universidade e escrevi meu primeiro resumo de congresso, eu passei a ser conhecido para o mundo da ciência como: MEIADO, M. V.

É fácil! O seu ultimo sobrenome é o que vale e todos os seus outros nomes e sobrenomes são abreviados, depois do seu ultimo sobrenome, na ordem que eles aparecem (acrescido do ano em que o trabalho foi realizado).

Então, pra ciência, minha dissertação defendida em fevereiro de 2008 é citada: MEIADO, 2008.

Quando eu faço algum trabalho em parceria com mais um autor, por exemplo, a minha orientadora (Inara Roberta Leal), a citação desse nosso trabalho passa a ser: MEIADO & LEAL, 2008. Por outro lado, se o texto for escrito por mais de 2 autores, apenas o nome do primeiro autor é indicado e todos os demais são agrupados numa expressão em latim (et al.) que significa (pra facilitar a explicação) “e seus colaboradores”.

Sendo assim, um trabalho feito por mim, pela Inara e pela Laura, por exemplo, seria citado: MEIADO et al., 2008.

Continuando o post...

Durante o tempo que eu estava organizando a minha bibliografia e fazendo a fundamentação teórica sobre o tema da minha dissertação, me deparei com o nome de alguns pesquisadores que me chamaram atenção.

A minha primeira citação, exótica por assim dizer, foi de um pesquisador que se chama HARRY POTTER.

Logo pensei:

Quem são os colaboradores do artigo POTTER et al. 1984? RONAND WEASLEY e HERMIONE GRANGER? Bem que seria interessante um pouquinho de magia na ciência!

Um tempo depois, deparei-me com outro artigo que a citação era: AGUILERA, 1998.

E o que passou na minha cabeça (enquanto eu cantava Gennie In A Bottle)?

Será que a Christina Aguilera (cantora pop) alguma vez na vida trabalhou com Ecologia Vegetal?

Recentemente, estávamos lendo um artigo no laboratório que dizia (mais ou menos assim):

“... e as espécies foram classificadas de acordo com DEUS et al., 2003.”

Claro! Perfeito! Quem mais podia saber o nome das espécies vegetais, senão o criador de todos as criaturas? DEUS é o cara!

DEUS é a melhor pessoa para ser citada. Nele eu confio de olhos fechados!

Apenas gostaria de saber quem são os colaboradores (et al.) de DEUS! Será que é a Trindade Santa? O Pai, o Filho e o Espírito Santo?

Conversando com outros amigos sobre o assunto, recebi mais exemplos engraçados.

Também na Ecologia, temos uma pesquisadora chamada: CICARELLI, D. Isso mesmo! Daniela Cicarelli. Coitada dessa pesquisadora! Depois do escândalo mundial da Daniela Cicarelli na praia da Espanha, transando com o namorado ao ar livre, nenhum estagiário deve ter respeitado a tal pesquisadora. Ela certamente deve ter recebido e-mails engraçadinhos.

Saindo um pouco da Ecologia, temos outros exemplos engraçados na Fisiologia Vegetal.

Recentemente, fui convidado para avaliar o trabalho de conclusão de curso de um amigo e, por sorte, ele (o Bruno) não citou um trabalho que ele tinha comentado.

Já imaginava a frase: “A metodologia foi desenvolvida seguindo PORRA et al. 2001!”

Porra! Citar PORRA ninguém merece!

Ainda tem um pesquisador italiano que se chama ETIALLI e quando publica com seus colaboradores, a citação vira: ETIALLI et al.

E não posso deixar de citar o MULDER (lembrado por Vivi), um pesquisador que tem o mesmo sobrenome do personagem principal da série “Arquivo X”.

Bem, pra terminar, não posso deixar de me perguntar:

Será que MEIADO não é tão estranho quanto os exemplos citados a cima?

Nessa hora, aquele ditado popular vale muito:

“Falem bem, falem mal, mas citem meus trabalhos!” (ou mais ou menos assim).

segunda-feira, março 03, 2008

Só pra constar (em relação ao post abaixo - Quarto toque: um orientador fuderoso)

Minha orientadora é uma fodona, mas não é nenhuma (des)orientadora não!

Eu escolhi bem!

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Toques para um aspirante ao doutorado

Uma divertida (e corrosiva) maneira de ver como funciona a vida de um doutorando:

Texto publicado pelo Jornalista Carlos Branco (A Crítica) em sua página no espaço Pharmákon: veneno ou remédio e pelo Jornal Amazonas em Tempo em seu caderno de Ciência e Tecnologia.


Amigo leitor,

Este pode parecer um texto escrito por uma pessoa frustrada, alguém que não conseguiu galgar os "sinuosos cumes" acadêmicos e, despeitado, escreve uma porção de desaforos aos "seres superiores" do mundo encantado do chamado e decantado nível superior. De fato, não o é. Pelo contrário, faço parte deste "mundo encantado" desde bem jovem, já que ingressei num curso superior muito cedo. Na verdade, neste momento poderia estar até comemorando meu ingresso no doutorado e acreditando que "graças à minha capacidade", hoje eu cheguei lá. Mas vamos deixar de papo-furado e começar a meter bronca.

Primeiro toque: o disfarce
Se você é do tipo inteligente, criativo, original, politizado, participativo, não deixe ninguém perceber, caso contrário você será considerado o perfil menos adequado a um doutorado. Subtraia de seu texto qualquer indício de originalidade, de arte, de inteligência. Escreva quadradinho. Tente ser o mais medíocre possível. Sei que é difícil ver um texto medíocre associado a nosso nome, mas tenha calma, é apenas um curso. Depois, com o diploma na mão você escreve o que quiser, inclusive refutando a maldita tese. Para escrever, dê uma olhada num artigo científico e copie aquele estilo. Dê preferência aos periódicos internacionais. Eles contam mais pontos.

Segundo toque: a importância dos papéis sem importância
A qualidade e a relevância de seu projeto de tese são secundários. Importante mesmo é cumprir todos os tramites burocráticos. Há processos seletivos (e são fatos relatados a mim por professores que integram programas de pós-graduação) em que você pode ser eliminado pela falta de uma foto 3x4, ou caso esqueça de colocar os documentos em uma "pasta polionda amarela".

Terceiro toque: o analfabeto político... esqueça Brecht
Caso você seja um raro ser politizado, consciente, participativo, não pense que um currículo rico em ações na comunidade, em partidos políticos, em conselhos de saúde, de educação, rádios comunitárias, enfim, cheio de demonstrações de sua importância enquanto um zoon politikon, possa impressionar os membros da comissão de seleção. Isto não vale nada. Deixe isso pra lá. O importante mesmo é escrever artigos em revistas científicas de circulação internacional. Isso mesmo. Escrever em linguagem inacessível para todos, exceto os poucos cientistas da área (a linguagem hermética da qual nos fala Foucault), de preferência em inglês.

Outra coisa importante: se você escreveu artigos em áreas do conhecimento tão distantes quanto polinização, física quântica, marxismo e ecologia de baleias jubarte, não se mostre tão versátil. Se fez graduação numa área, mestrado em outra e pretende fazer doutorado em uma terceira, sua situação não é nada fácil. O esquema mais quadradinho possível, tipo fazer todos os níveis na mesma área, é o mais indicado, mesmo que isto te torne cada vez mais limitado. Mas afinal o que importa se você está ficando tapado? O importante é "ser doutor".

Preocupar-se com o futuro da humanidade? Com o bem estar da comunidade, da família? Mundo melhor? Que nada! O importante mesmo é ficar o dia inteiro na frente do computador escrevendo coisas que ninguém entende para publicar em revistas que ninguém lê.

Quarto toque: um orientador fuderoso
Pessoas justas e humanas também conseguem concluir o doutorado, mas na hora de escolher um orientador, não escolha este tipo de gente. Escolha um fuderoso, um fodão. Como reconhecer um? Simples: ele terá dezenas de pessoas para (des)orientar (normalmente bem medíocres e submissas), não terá tempo pra nada (muito menos pra você) e terá uma quantidade de publicações invejável, apesar dos artigos serem de péssima qualidade (feitos às pressas), afinal, os revisores costumam ser bastante complacentes com os fodões.

Aliás, aproveite a oportunidade para aumentar sua produtividade, empurrando até mesmo aqueles artigos que você não teria coragem de publicar nem na Revista Caras. Basta colocar o seu (des)orientador como co-autor. Os revisores destas revistas "internacionais" raramente tem coragem de reprovar o artigo de um fodão. Vá por mim. E na aula de qualificação ou na defesa de tese, ter um fodão é a garantia de que você pode falar qualquer bobagem que ninguém vai ter coragem de ralhar com você. Será aprovado com distinção e louvor, independente do que apresentar.

Quinto toque: o "seu" projeto
Pode parecer brincadeira, mas o ato de pensar, no mundo acadêmico, é bastante perigoso, arriscado. Discordar é um crime. Por isso, antes de iniciar a elaboração de um projeto, fuce na internet para saber o que seu candidato a orientador escreve, como ele escreve, quais os seus principais artigos. Então... Já sacou, hein, adivinhão? Mas isso não é tudo, não basta cita-lo abundantemente. Faça contato com ele e, de preferência, elogie bastante o cara. Diga-lhe da qualidade de seus artigos e de como você se sente identificado com a "visão de mundo" dele. Aceite todas as suas sugestões de alteração que ele fizer e não só concorde, mas também elogie estas sugestões. "Puxa, eu sozinho jamais teria percebido este erro!" ou ainda "Nada melhor do que poder contar com uma pessoa tão experiente!" De modo geral, doutores são bastante vaidosos e engolem facilmente a isca.

Sexto e último toque: você não vai querer ser assim, vai?
Diz o povo que advogado é como espermatozóide: um em um milhão vira ser humano. Então parece que com tudo que é "doutor" é a mesma coisa. Por isso, cuidado. Não que eu esteja desaconselhando ninguém a seguir esta jornada. Na verdade, precisamos de outro tipo de doutores. Aliás, grande parte de meus colegas vai concordar comigo que o esquema é realmente este, mas certamente, assim como eu, muitos pesquisadores (inclusive alguns doutores) gostariam, sinceramente, que as coisas fossem diferentes. Assim, o mais importante toque, penso eu, é que ingressar num doutorado só vale a pena mesmo se você estiver convicto de que entrará e sairá um "ser humano".