domingo, setembro 27, 2009

AÇÚCAR é a droga da vez?


No dia em que o primeiro europeu colocou uma pitada de açúcar na boca, o mundo começou a girar mais rápido. A data precisa desse acontecimento não foi registrada pela história, mas se deu em algum momento da Idade Média. De lá para cá, na vertigem da descoberta do açúcar, a civilização ocidental passou a mudar num ritmo intenso. "O açúcar redesenhou o mapa demográfico, econômico, ambiental, político, cultural e moral do mundo", diz a historiadora canadense Elizabeth Abbott, autora de um livro sobre a civilização do açúcar, Sugar, a Bittersweet History (Açúcar, uma História Agridoce).

Em séculos de tragédia e glória, o açúcar transformou a alimentação do Ocidente, escravizou gerações de africanos nas Américas, foi combustível da Revolução Industrial, promoveu guerras e impérios, dizimou paraísos ecológicos, ergueu e pulverizou fortunas – e, nos trópicos, moldou a identidade brasileira. Movido pela sua energia calórica, o mundo segue girando rápido, tão rápido que estamos agora na soleira de outra mudança vertiginosa: o açúcar começa a ser considerado um vilão da saúde humana, um veneno tão prejudicial que merece ser tratado com o mesmo rigor empregado contra – suprema decadência! – o tabaco. Está mais perto o dia em que um pacote de açúcar trará a inscrição:

"O Ministério da Saúde adverte: este produto é prejudicial à saúde".

O açúcar, em suas várias formas, é o grande promotor da obesidade, mas seus níveis altos no sangue podem ser associados a quase todas as moléstias degenerativas, do ataque cardíaco ao derrame cerebral e ao diabetes. Existem suspeitas científicas sérias de que o açúcar possa até ser uma das causas de alguns tipos de câncer.

Na lista, está o câncer de pâncreas, o mesmo que matou o ator Patrick Swayze aos 57 anos na semana passada. Em Harvard, pesquisadores acompanharam 89.000 mulheres e 50.000 homens e descobriram que os refrigerantes podem aumentar o risco de câncer de pâncreas em mulheres, só em mulheres. Antes que os homens se sintam premiados pela natureza, outro estudo, que examinou 1.800 doentes, sugere que uma dieta açucarada pode aumentar o risco de câncer do intestino grosso em homens, só em homens.

Mas, se o açúcar, como o tabaco, subir ao patíbulo, o refrigerante se tornará o cigarro da vez. Nos Estados Unidos, já há um movimento, incipiente, mas sólido, integrado pelos cientistas mais reputados do país, contra o consumo de refrigerante.

Os estados de Nova York e do Maine discutiram a possibilidade de cortar seu consumo a golpes de imposto. Em Nova York, o governador David Paterson propôs uma alíquota de 18%, mas recuou depois de perceber a má vontade dos parlamentares e a força do lobby do açúcar, cujo poder é lendário na política americana (veja a matéria). Recentemente, um artigo publicado no New England Journal of Medicine causou furor ao defender uma taxa punitiva sobre os refrigerantes.

A repercussão se deveu à assertividade do artigo – que sugere tratar o açúcar como se tratou o tabaco – e à identidade de seus autores. Um é Kelly Brownell, renomado epidemiologista da Universidade Yale. O outro é Thomas Frieden, que, trabalhando na prefeitura de Nova York, liderou o combate à gordura trans e fez 300.000 nova-iorquinos largar o cigarro. Agora, Frieden assessora o presidente Barack Obama como cabeça do CDC, órgão que cuida do controle e da prevenção de doenças.



Fechando o cerco, o professor Walter Willett, uma sumidade acadêmica que chefia o departamento de nutrição da escola de saúde pública de Harvard, lidera o lobby para convencer a indústria a adotar uma fórmula de refrigerante menos prejudicial à saúde. Quer que cada latinha ou garrafa tenha, no máximo, 50 calorias, o equivalente a três colheres de chá de açúcar.

Uma lata de refrigerante normalmente tem 150 calorias, o equivalente a dez colheres de chá de açúcar. Um adulto que bebe uma lata com 150 calorias por dia pode chegar ao fim de um ano quase 7 quilos mais gordo. Elegantemente, Willett declarou:

"Quando um adulto se acostuma a comer tudo doce, fica difícil apreciar a doçura suave de uma cenoura ou uma maçã".



No mês passado, outro golpe duríssimo. Pela primeira vez na história, a American Heart Association, a entidade dos cardiologistas, divulgou limites específicos para o consumo de calorias de açúcar. Surpreendentemente, definiu níveis inferiores aos comumente recomendados. As mulheres não devem consumir mais que 100 calorias de açúcar por dia, o que corresponde a pouco mais de seis colheres de chá de açúcar. Para os homens, o limite diário é de 150 calorias, ou dez colheres.

Os EUA são a barricada mais potente contra o açúcar do refrigerante, mas não a única. A Inglaterra e a França estão proibindo a propaganda de refrigerantes na televisão. No México, onde a obesidade cresce num ritmo assustador, o refrigerante está sendo banido das escolas. Na Alemanha e na Bélgica, a proibição vale até para o comércio nas imediações das escolas. Na Irlanda, celebridades não podem fazer comerciais de refrigerantes dirigidos ao público infantil.

O açúcar e a obesidade que dele advêm são um problema em todo o planeta, inclusive no Brasil. Examinando dados relativos a 2005, a Organização Mundial de Saúde estimou que 1,6 bilhão de seres humanos estejam acima do peso e 400 milhões, obesos. É um colosso de gordura, uma fartura de matar de inveja nossos ancestrais da savana africana, eles que, coitados, se arrebentavam por uma mísera caloria. Já surgiu um neologismo para sublinhar a dimensão global da obesidade – é a "globesidade". Com sua autoridade científica, Willett prevê:

"Obesidade e diabetes serão o desafio de saúde pública do século XXI".

Obviamente, há diferenças entre o açúcar e o tabaco em termos de agressão ao organismo. A começar pelo fato de que nunca precisamos de tabaco para viver, mas necessitamos de açúcar – embora nos baste o açúcar encontrado naturalmente nas frutas, no leite e no mel, nos legumes e temperos. Do ponto de vista exclusivo do funcionamento metabólico humano, é inteiramente desnecessário o açúcar que se adiciona a alimentos e bebidas, sucos, bolos, balas, doces, pudins, chocolates e a uma infinidade de produtos que nem desconfiamos conter açúcar, como cerveja e massa de tomate.



Como tudo o que é desnecessário ao metabolismo, o açúcar em excesso faz mal à saúde. Outra diferença é que o tabaco causa 95% dos cânceres de pulmão, mas o açúcar não é, sozinho, o responsável por 95% dos casos de obesidade ou diabetes. A obesidade tem raízes múltiplas. O hábito de comer fora, a popularização das lanchonetes de fast-food, a invenção do freezer e do forno de micro-ondas, o estilo de vida sedentário, a superoferta de alimentos a preços acessíveis, tudo isso contribui para a obesidade.

Nos EUA, há um ingrediente adicional: as porções diabolicamente generosas. O americano preza o gigantesco, o monumental. Esse traço cultural aparece na preferência nacional pelas caminhonetes enormes, pelas casas que parecem castelos, pelas calças largas do hip hop e, claro, pelos pratos enormes. A batata frita do McDonald’s é um indicador. Em 1960, cada porção tinha 200 calorias. Essa quantidade subiu para 320, 450, 540 e está em 610!

Há estudos teorizando que o americano associa o tamanho das porções ao poder, à masculinidade. Assim, o jovem se sentiria mais macho ao entrar no cinema carregando não um saco, mas um balde de pipoca. Pode ser. Faz sucesso no país um lanche que se chama Del Taco Macho Meal. Pesa quase 2 quilos.

Apesar de todos esses fatores, o açúcar tem papel central na pandemia de obesidade, e o refrigerante é seu veículo mais popular, particularmente nos EUA. A América é a pátria da Coca-Cola, o único país do mundo cuja imagem é associada a um refrigerante. A Coca-Cola é o símbolo do sucesso americano. Ideologizada, sua marca representa o triunfo do capitalismo e, para os velhos comunistas italianos, nada mais era do que l’acqua nera dell’ imperialismo.

Os americanos bebem 56 bilhões de litros de refrigerante por ano, quatro vezes o consumo brasileiro. Como um sinal dos tempos, o consumo de bebidas açucaradas cai, enquanto a venda de refrigerantes diet cresce, em média, 3% ao ano – desempenho sem precedentes na indústria. Mas, de todo modo, os americanos são grandes devoradores de açúcar. Do açúcar de cana, consomem 9,6 milhões de toneladas por ano. E ainda devoram outro tanto do açúcar conhecido pela sigla HFCS, um xarope de milho com alto poder edulcorante que é mais rapidamente absorvido pelo organismo humano do que o açúcar de cana refinado.

Americano obeso corre o risco de virar pleonasmo. Eles estão por toda parte. Andam encostados às paredes para descansar a cada dez passos. Usam bengala, cadeira de rodas. Nos hospitais, há mesas de cirurgia especiais para recebê-los. Há fábricas de caixões reforçados para defuntos muito obesos. Os militares dizem que 25% dos jovens são pesados demais para se alistar. Teme-se que, pela primeira vez desde a guerra civil (1861-1865), a expectativa de vida caia devido às mortes por obesidade.

A estatística é tenebrosa: 34,3% dos americanos com 20 anos ou mais estão obesos. Entre as crianças de 6 a 11 anos, que bebem hoje mais refrigerante do que leite, a incidência chega a 17%. No Brasil, a situação é menos grave, mas preocupa (veja a tabela).




O refrigerante não virou o alvo número 1 do cerco ao açúcar apenas por causa do alto consumo. Há pesquisas mostrando que a ingestão de caloria em forma líquida pode ser mais prejudicial à saúde que a de caloria de alimentos sólidos. Por motivos ainda desconhecidos, a caloria em forma líquida dribla o radar do apetite humano e retarda a sensação de saciedade, o que nos leva a comer mais, e engordar.

Com a caloria em forma sólida ocorre o contrário. Sempre que passa pela catraca, o apetite registra seu ingresso, reduzindo a quantidade do que precisamos comer para nos sentir satisfeitos. Tal como fez a turma do tabaco há meio século, os fabricantes de refrigerantes contestam essas informações científicas e usam suas próprias pesquisas.

Susan Neely, presidente da American Beverage Association, que reúne as indústrias, já disse inclusive que não há prova de que o refrigerante cause obesidade. Como a venda tem caído e a obesidade não, isso é um sinal, diz ela, de que uma coisa não decorre da outra (como se fosse possível a obesidade oscilar no gráfico das vendas do atacado e do varejo).

O professor David Ludwig, de Harvard, foi direto ao ponto. Examinou 111 artigos científicos. Descobriu que, dos estudos sem patrocínio da indústria de refrigerante, quase 40% apresentam conclusões contrárias aos interesses dos fabricantes. Dos artigos financiados pela indústria, todos – todos! – trouxeram conclusões que lhe são favoráveis.

Desde que o jornalista William Dufty (1916-2002) lançou "Sugar Blues" nos anos 70, um livro meio panfletário que virou um clássico na demonização do açúcar, disseminou-se cada vez mais a idéia de que açúcar engorda. VEJA consultou seis especialistas sobre os males que, com certeza científica, o açúcar em excesso pode causar, além da obesidade.

O resultado é uma devastação, porque um mal provoca outro, que por sua vez provoca um terceiro, colocando em movimento um carrossel que pode incluir cárie dentária, hipertensão, doenças cardiovasculares, derrame cerebral, falência renal, cegueira, doenças nervosas, amputações – e algo como seis a sete anos de vida a menos.

É óbvio que ninguém que consome açúcar obrigatoriamente passará por esse calvário, e ninguém está proibido de beber uma lata de refrigerante, um copo de caldo de cana ou comer uma fatia de bolo. A questão está no excesso ou, mais propriamente, no que pode ser considerado o excesso.

A guerra contra o açúcar e suas diversas encarnações acabará produzindo, cedo ou tarde, mudanças sísmicas na vida de bilhões de pessoas. Ao atravessar o planeta das florestas da Polinésia até as Américas, a cana-de-açúcar alterou a dieta ocidental como talvez nenhum outro produto. Popularizou o sorvete, o chá, o café, o chocolate, o rum. Tomou de assalto nossos rituais afetivos.

O açúcar está no chocolate do Dia dos Namorados. Está nos ovos de Páscoa dos pequenos, no pirulito com que docemente chantageamos a criança em troca de lhe sapecar um beijo. Está no bolo diante do qual os noivos bebem a taça de champanhe na festa de casamento. É difícil imaginar o mundo de hoje sem açúcar. O Brasil, então, é impossível.

Maior produtor e maior exportador do mundo, o Brasil está também entre os maiores consumidores. Mais que artigo econômico, o açúcar faz parte da identidade nacional. Na sua herança mais sombria, o açúcar é a escravidão negra, a açucarocracia, regime despótico do senhor de engenho. É o trabalho brutal, exaustivo e mutilante dos canaviais de ontem e hoje. Mas o açúcar também tem seu aspecto iluminado entre nós.

Para o sociólogo Gilberto Freyre, ameigou nossas maneiras e gestos, amolengou as palavras do português falado no Brasil, que soa tão desossado, tão doce diante do português salgado e metálico de Portugal. O açúcar integrou-se de tal modo na alma brasileira que inspira sinônimos para todas as gradações. Na dose certa, é meiguice, suavidade, brandura. Com um grão de ousadia, é dengo e sedução.

No exagero, é enjoo, tédio. O açúcar, sendo doce e amargo, é uma bela metáfora do próprio brasileiro, que funde em si mesmo, com desembaraço intrigante, o homem cordial e o homem violento. Que o açúcar tenha o destino que tiver de ter para que a humanidade seja saudável e feliz. Se um dia desaparecer da mesa, os brasileiros pelo menos terão o consolo de lembrar dele na doce, sensual e úmida definição do poeta Ferreira Gullar:

"Afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca."


Os especialistas consultados por VEJA: David Ludwig e Frank Hu (Harvard), David Katz e Kelly Brownell (Yale), Silke Vogel (Columbia) e Barry Popkin (Carolina do Norte), esse último autor de "O Mundo Está Gordo", recentemente lançado no Brasil pela editora Elsevier.



Fonte: VEJA

sábado, setembro 26, 2009

Inveja (da boa)

Durante uma conversa pelo MSN com a Paola, descubro que ela já assistiu o show das 3 bandas/cantores que eu mais queria ver na vida: Julieta Vanegas, Juanes e Café Tacvba.

A justificativa dela para a minha indignação pelo fato dela me contar essa informação com a maior naturalidade foi:

"Mas você já viu shows de cantores brasileiros!"

Paola, sinto informar, mas isso não ajudou muito... ¬¬

Tô com inveja (da boa)!

Lento – Julieta Venegas


Lento – Julieta Venegas

Si quieres un poco de mí,
Me deberías esperar,
Y caminar a paso lento,
Muy lento.

Y poco a poco olvidar,
El tiempo y su velocidad,
Frenar el ritmo, ir muy lento,
Más lento.

Ser delicado y esperar,
Dame tiempo para darte todo lo que tengo,
Ser delicado y esperar,
Dame tiempo para darte todo lo que tengo.

Si quieres un poco de mí,
Dame paciencia y verás,
Será mejor que andar corriendo,
Levantar vuelo,
Y poco a poca olvidar,
El tiempo y su velocidad,
Frenar el ritmo, ir muy lento,
Más lento.

Ser delicado y esperar,
Dame tiempo para darte todo lo que tengo,
Ser delicado y esperar,
Dame tiempo para darte todo lo que tengo.

Si me hablas de amor,
Si suavizas mi vida,
No estaré más tiempo sin saber que siento.

Ser delicado y esperar,
Dame tiempo para darte todo lo que tengo,
Ser delicado y esperar,
Dame tiempo para darte todo lo que tengo.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Por que Deus seria reprovado pelo CNPq?

Com o currículo que tem, Deus certamente seria reprovado pelo CNPq, pelas seguintes razões:

1. Só tem uma publicação;

2. Esta publicação não foi escrita em inglês, e sim em hebraico (mesmo que tenha sido traduzida para vários idiomas);

3. A referida publicação não contém referências bibliográficas;

4. Não tem publicações em revistas indexadas, ou comissão editorial, ou ainda com parcerias;

5. Há quem duvide que sua publicação tenha sido escrita por ele mesmo. Em um exame rápido, nota-se a mão de, pelo menos, 11 colaboradores;

6. Talvez tenha criado o mundo. Mas o que tem feito, ou publicado, desde então?

7. Dedicou pouco tempo ao trabalho (apenas 6 dias seguidos);

8. Poucos colaboradores Seus são conhecidos;

9. A comunidade científica tem muita dificuldade em reproduzir seus resultados;

10. Seu principal colaborador caiu em desgraça ao desejar iniciar uma linha de pesquisa própria;

11. Nunca pediu autorização aos Comitês de Ética para trabalhar com seres humanos;

12. Quando os seus resultados não foram satisfatórios, afogou a população;

13. Se alguém não se comporta como havia predito, elimina-o da amostra;

14. Dá poucas aulas e o aluno, para ser aprovado, tem que ler apenas seu livro, caracterizando endogenia de idéias;

15. Segundo parece Seu Filho é que ministra Suas aulas;

16. Atua com nepotismo, fazendo com que tratem Seu Filho como se fora Ele mesmo;

17. Ainda que Seu programa básico de curso tenha apenas dez pontos, a maior parte dos Seus alunos é reprovada;

18. Alem de suas horas de orientação serem pouco freqüentes, apenas atende Seus alunos no cume de uma montanha;

19. Expulsou os Seus dois primeiros orientados por aprenderem muito;

20. Não teve aulas e nem fez mestrado com PhDeuses;

21. Não defendeu teses de doutorado ou Livre Docência;

22. Não se submeteu a uma banca de doutos titulares;

23. Não fez proficiência em inglês;

24. Não existe comprovação de participação Sua em bancas examinadoras e de publicação de artigos no exterior.

Autor Anônimo

domingo, setembro 13, 2009

Rumo ao Centro-Oeste

De repente eu (em Leme) recebo uma ligação do meu tio Luis, me convidando para ir com ele até Goiânia, entregar uma peça de ônibus no SENAI.

Como já estava acostumado, botei algumas coisas na mochila e fiquei esperando ele chegar para irmos rumo ao centro-oeste.

A viagem era longa, quase 1000 quilômetros, mas eu tinha certeza que ia me divertir bastante com meu tio.

E lá fomos nós! Saímos de Leme no final da tarde e fomos até Uberlândia (MG), onde passamos a noite. Antes de dormir, fomos até o shopping da cidade para conhecer o povo. Segundo meu tio, o shopping é um dos melhores locais para a gente conhecer uma cidade, as pessoas da cidade, os costumes da cidade, etc.

No dia seguinte, fomos para Goiânia. O rio que separa os estados de Goiás e Minas Gerais é lindo! A região é muito bonita! Como eu não era um bom navegador e nunca tinha estado no estado de Goiás, assim que passamos da divisa entre os estados, acabamos nos perdendo e andamos uns 20 quilômetros numa estrada errada.



Nos encontramos (no mapa) e voltamos a nos perder novamente depois de alguns quilômetros, mas, felizmente, mesmo perdidos, estávamos em uma das estradas que nos levaria a Goiânia, embora não era a estrada que nós acreditávamos que era.

No caminho, me lembrei que era o dia da defesa da Verinha e liguei pra ela para desejar sorte. Alguns quilômetros depois, na primeira cidade de Goiás (que eu não me lembro o nome), paramos para almoçar.

Eis que começa meu primeiro momento "joselito". Troféu joinha pra mim!

Entramos num restaurante de comidas típicas. Um lugar muito agradável e a comida era feita num fogão a lenha. Muitas coisas desconhecidas e eu vi uma panela com uma comida que parecia palmito. Na hora, perguntei o que era para uma senhora que estava cozinhando e ela respondeu com uma cara bem feliz:

"É guariroba! Um palmito típico do estado de Goiás!"

Antes de continuar o post, deixe-me fazer um parêntese botânico:

Guariroba [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.], também chamada de gariroba ou gueiroba é uma planta da família das Arecaceae. É uma palmeira nativa do Brasil e entre seus produtos destaca-se o palmito ou broto terminal. Considerado por muitos como verdura de sabor amargo, o que de fato é quando comparado aos palmitos doces das espécies da Mata Atlântica, o palmito da guariroba é uma iguaria de largo aproveitamento culinário em alguns estados, inclusive algumas regiões de Goiás (Fonte: Wikipedia).



Como eu adoro palmito, não tive dúvida em encher o prato com a guariroba que, visualmente, estava deliciosa! Se eu tive lido as informações do Wikipédia antes de comer, não teria me aventurado ou, pelo menos, teria servido apenas um pedacinho bem pequeno só para experimentar.

Peguei mais algumas comidas diferentes e me sentei para almoçar. Quando dei a primeira garfada, meus olhos encheram d’água e eu pensei: "me fudi!"

A comida era horrível! A pior coisa que eu já comi em toda a minha vida. O jiló fica com gosto de musse de chocolate da Priscila (a sobremesa que eu mais amo no mundo) perto da guariroba!

Quanto mais eu comia, mais eu me desesperava. Pior é que a mulher que fez a comida estava de olho na gente, enquanto almoçávamos, para saber se nós estávamos gostando da comida.

De fato, todo o resto do prato estava ótimo! Então, para ter alguns minutos de felicidade antes de passar pela maior provação gastronômica da minha vida, eu comi todo o resto que estava no prato e deixei a guariroba por último. Comi meio prato do tal palmito e, no final, até meu cérebro doía.

Além da guariroba, tive outras decepções gastronômicas em Goiás. O doce de gabiroba [Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg – Myrtaceae] e a broa de milho com erva-doce não caíram muito bem!

Depois dessas aventuras gastronômicas, chegamos em Goiânia. A cidade é linda! Verde! Se Curitiba não se cuidar, logo logo vai perder o título de capital ecológica do Brasil.

A única coisa que me estressou na cidade é que as ruas têm dois nomes, ou melhor, um nome e um número. Isso fez com que eu me perdesse algumas vezes e atrapalhou a comunicação entre o navegador (eu) e o GPS.

Depois de andar por vários bairros procurando uma pamonharia, chegamos na Pamonha da Vovó, na Rua 83 – Setor Sul.

Ainda com medo de provar mais iguarias goianas por motivos óbvios, fui experimentar uma tal de Chica Bacana. A melhor coisa que eu podia ter comido em toda a minha viagem ao Centro-Oeste!



Que comida boa! Era um tipo de pamonha salgada, um pouco mais mole que as pamonhas normais, temperada com palmito (o verdadeiro), lingüiça calabresa, azeitona e outros temperos. Muito bom!

No dia seguinte, acordamos cedo e encaramos a avenida Anhanguera, rumo ao SENAI da Vila Canaã. Pude perceber que o sistema de transporte da cidade (Metrobus) segue o mesmo modelo de Curitiba (não tem metrô, mas tem um ônibus que percorre uma grande extensão da cidade, em linha reta, como se fosse um metro de superfície).

O calor era tamanho que eu percebi as pessoas tomando cerveja gelada em plena 10 horas da manhã! Eu preferi experimentar o Goianinho, um refrigerante típico de lá que é muito bom!

Achamos o SENAI, entregamos a peça e voltamos pra São Paulo porque meu tio tinha que se preparar para viajar pra Recife.

A viagem foi curta, não consegui nem encontrar o Welinton (Desculpa Wel, mas da próxima vez eu vou com mais calma) nem ir a feira da Lua, mas eu aprendi algumas coisas:

1. Morar no meio do Brasil, longe das praias, tem seu lado positivo (a vegetação é linda!).

2. Não encha o prato com coisas que você não conhece! Experimente pequenas porções!

3. Música sertaneja comanda o centro-oeste!