quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Uma causa quase impossível

Na terça-feira passada, eu saí de casa de manhã para ir pra UFPE e no caminho fui pensando no fato de que eu não tinha a resposta do meu pedido de bolsa de doutorado.

O que mais me deixava preocupado era o fato de que não era apenas eu (dos alunos da Inara) que estava sem bolsa, éramos 3 alunos sem bolsa.

E então eu também ia pensando na bolsa da Laura que, assim como eu, vai trabalhar no Parque Nacional do Catimbau e não tem nenhum projeto aprovado para ganhar dinheiro de financiamento. Ia pensando no que a gente podia fazer pra conseguir essa bolsa.

Estava na parada de ônibus esperando o meu famoso e velho conhecido “Candeias - Dois Irmãos” e me estressei com a demora e resolvi pegar outro ônibus. Entrei no “Candeias - Boa Viagem” e no meio do caminho, ainda em Candeias, entrou uma senhora no ônibus e começou a distribuir umas imagens de Santo Expedito.

Após distribuir as imagens, a senhora explicou que estava fazendo aquela distribuição para agradecer ao santo, pois o filho dela teve um câncer e ela fez uma promessa de distribuir as imagens do Santo Expedito se o filho se curasse.

Eu recebi a imagem do santo e atrás da foto tinha uma oração. Eu li. Após ler a oração de Santo Expedito eu fiz o meu pedido e rezei um “Pai-Nosso”, como mandava o papel. Geralmente não costumo acreditar nessas coisas de correntes, mas diante da situação, fazer esse pedido ao santo não ia me fazer nenhum mal. Sendo assim, resolvi testar.

O resto da viagem eu fiquei pensando em como seria a minha felicidade em ligar pra Laura pra dizer que nós tínhamos ganhado uma bolsa e de como seria nossas vidas no mestrado e doutorado com essa “pequena” ajuda do governo.

Cheguei em Boa Viagem e desci do ônibus que eu estava para entrar no segundo ônibus em direção à faculdade. Quando entrei no segundo ônibus ("Shopping – CDU"), lá estava a mesma senhora. Porém, dessa vez ela não estava distribuindo os santinhos.

Ela ia conversando com um rapaz que também estava no ônibus anterior e contando sobre a recuperação do filho dela. Umas 10 paradas depois, lá próximo do Carrefour de Boa Viagem, o rapaz desceu e, nessa mesma parada, entrou uma outra senhora.

Nesse momento, eu ainda continuava “agarrado” com os meus pensamentos e pedindo a ajuda do santo e de quem mais pudesse ajudar pra que eu conseguisse a minha bolsa e a da Laura.

Quando o rapaz desceu, ele percebeu que alguém tinha esquecido uma pasta no banco da parada. Então ele pegou a pasta e pediu pro motorista deixá-lo entrar no ônibus novamente para perguntar de quem era a pasta.

Aquela senhora que tinha acabado de entrar no ônibus era a dona da pasta e ela ficou muito emocionada e agradecida pelo fato dele ter achado a pasta e devolvido pra ela. Depois que o ônibus prosseguiu a viagem, a senhora que tinha esquecido a pasta continuou comentando com alguns passageiros (inclusive comigo) que dentro dessa pasta tinha todos os documentos dela e dos filhos e marido e também estava todo o dinheiro do salário que ela estava levando para pagar umas contas com advogados, referente a um processo que ela estava abrindo contra seu antigo emprego.

A mulher que distribuiu os santinhos, vendo a sorte da senhora que esqueceu a sua pasta, perguntou:

“A senhora acredita em Deus?”

E completou:

“Hoje é seu dia de sorte! Qual é o seu nome? Me diga uma data, pois com a sua sorte eu vou jogar no bicho e vou ganhar!”

A mulher da pasta riu e disse que acreditava em Deus, mas que não acreditava nessa história de dia de sorte e jogos de azar.

Mesmo assim a mulher insistiu em saber o nome e ouvir o palpite de uma data.

E a senhora da pasta disse:

“Eu me chamo Laura e a data que a senhora pediu pra dizer pode ser o dia 14/01.”

Eu levei um susto porque a mulher se chamava Laura e ela disse a data do meu aniversário (e eu estava pensando no meu pedido ao santo, referente a minha bolsa e a bolsa da Laura).

Com o susto, eu disse (meio alto):

“Puta que pariu!”

A mulher que distribuía os santinhos percebeu o meu espanto ao ouvir a data e o nome da mulher e disse:

“Você devia acreditar mais em Deus!”

Eu continuei “abestalhado” por mais uns minutos e quando me toquei a mulher dos santinhos já não estava mais dentro do ônibus.

O fato é que, um dia depois, saiu o resultado do edital da FACEPE e o meu projeto e o projeto da Laura foi aprovado e nós ganhamos a bolsa.

Vamos combinar que o fato de que nós somos alunos da Inara ajudou bastante o trabalho do Santo Expedito, mas mesmo assim, vou dar um pulinho na igreja dele no próximo dia 14/01 para agradecer.

Contando com a colaboração da Inara, até Santo Expedito dá um jeito para as causas impossíveis!

3 Comments:

Blogger Vi said...

Nossa Miguio!!!!
Essa parte da história você nem me contou!!!
Mas que bom que no final deu tudo certo!!!
Estou MUITO feliz por você!!! Beijos, Vi!

7:51 AM  
Anonymous Anônimo said...

realmente essa parte da historia ele escondeu... só disse q tinha pego dois ônibus e se chamou de besta por conta disso.

agora vamos esperar o CNPq!

bjs

9:52 AM  
Blogger Céu said...

Poxa Miguio que historia massa!!!
Até me emocionei pq essa semana antes de dormir tava questionando minha falta de sorte em relação à profissão e minha fé em Deus. E quando cheguei no estagio tive uma noticia tão promissora. Agora tou na torcida pra dar certo, mas já tive a certeza de que tem alguém querendo me ajudar. Muito bom.
Acho msm que como a velhinha disse: devemos ser mais crédulos naquele q td pode.

Sucesso p ti e Laura.
Bjo-pro-cê
Adorei te dar um abraço hj
Thially

7:38 PM  

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