Cazuza (0) X (10) Psicóloga
Existe um texto circulando pela Internet com o título "Cazuza (0) X (10) Psicóloga".
Eu acho que este título devia sofrer uma pequena modificação para:
Psicóloga (0) x (1000) Milena
Após ler este texto e a resposta da Milena, vocês vão perceber o porquê.
Milena, obrigado pelo texto. Só fiquei um pouco triste comigo mesmo porque percebi que ando cada vez com menos paciência. Não consigo mais escrever respostas como a sua.
Existem pessoas que não conhecem cultura, não entendem cultura, não valorizam cultura. Na verdade, o que me deixa triste é perceber que eu não tenho mais paciência para tentar mudar a cabeça de pessoas assim. Atualmente, meu pensamento é: "Morra na sua vida medíocre!"
Como diria o cara do Nóis Na Fita (vou falar sobre isso num próximo post): "FODA-SE com a sua ignorância e vá assistir o programa do Pastor R.R.Soares, pois é o único que vocês conseguem alcançar!"
Vamos ao texto...
Uma psicóloga que assistiu o filme Cazuza escreveu o seguinte texto:
“Fui ver o filme Cazuza, há alguns dias, e me deparei com uma coisa estarrecedora.
As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?
Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos.
A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.
São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar, pois o pai era diretor de uma grande gravadora.
Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso.
Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não.
Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada?
Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi conseqüência da educação errônea a que foi submetido.
Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?
Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor.
Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar. Não se preocupem em ser “amigo” de seus filhos.
Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.”
Minha resposta (Milena):
"Espero, sinceramente que você tenha me mandado esse e-mail para sorrir. Porque essa psicóloga, se for, comprou o diploma.
Comparar Cazuza com Fernandinho Beira-Mar?
A diferença básica é que o cantor trouxe a droga para seu próprio consumo, não financiou armas, não participou de quadrilhas, não torturou e nem matou ninguém(pelo menos não intencionalmente, já que possivelmente passou HIV para outras pessoas, numa época difícil na cultura e política brasileira), não controlou favelas, não revendeu drogas, não criou o PCC e diversos outros não.
E esse Siro Darlan?
São por causa de juízes retardados como esse que a metade de verdadeiros criminosos no país estão soltos. Por causa de juízes falsamente moralistas. E é óbvio que ela não sabe nada do seu próprio país.
Cazuza era filho de papai sim, e gravou graças a seu pai, o que não tira de forma alguma a genialidade dele. Não dá para saber o que teria acontecido se ele fosse pobre (e se Einstein tivesse nascido no Brasil existiria teoria da relatividade? Pergunta idiota? Pois é!), mas suas músicas são atemporais.
Sobre ele ser desajustado?!!!
Ninguém pede para seguir o exemplo de Cazuza (aliás, não somos vaquinhas que precisam de bois e vaqueiro para seguir). O filme, que assisti, não fala de modo algum sobre isso. Ele foi um anarquista que, a seu modo, mostrou a hipocrisia da burguesia do Rio de Janeiro da década de 80.
Um mauricinho que mostrou ao Brasil os primeiros ensaios de que preconceito é um atraso substancial. Era politizado, crítico e amante. Tinha uma personalidade forte.
O filme só mostrou como a vida criou uma mente que transformou parte da MPB. Aliás, uma parte curta e menos importante da vida dele. Já que suas mais belas canções e interpretações foi após a fase oba oba dele.
E quem descobriu o Cazuza não foi o pai (que, aliás, não enxergava o talento do filho) foi Caetano Veloso, depois de escutar a música “O Tempo Não Pára”.
Ele foi um anarquista, como grandes pessoas que hoje nos possibilitaram viver bem foram.
Vou dar como exemplo Pagu (lutou pelo direito das mulheres), Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina que foram todos anarquistas e marginais.
Viveram a margem da sociedade e mostraram através da música o que o Brasil tinha de pior e melhor. Eram drogados e nem por isso, diminuímos a importância que tiveram.
E que filha mais retardada. Ver um filme mostrando a vida de alguém e vai fazer igual?
No mínimo sem personalidade (se o filme mostrasse um matemático importante com esquizofrenia ela ia querer ser esquizofrênica também? Credo!).
E correção: Cazuza morreu porque naquela época não se conhecida métodos de prevenção de HIV e, muito menos, os remédios que retardam a replicação do vírus.
E por favor, analise com crítica o que lê. Esse e-mail é lixo.
E sobre filmes que falam de gente certinha também temos: “Orquestra de Meninos” e “O Senhor do Labirinto” (só os filmes que consegui me lembrar agora!).
Precisamos de todos eles, anarquistas, certinhos e gente que de alguma forma nos façam pensar e agir para mudar as coisas.
E coitada da mãe de Cazuza. Ajudou a fazer um filme e as pessoas acharam que era uma cartilha de como proceder durante a educação dos seus filhos. Quando o que na verdade ela queria dizer é que o ser humano é complexo e difícil de educar: perdi meu filho e a sociedade ganhou um artista.
Fico imensamente triste de ler barbaridades como esta. Que mostra que a Internet é uma ferramenta perigosa que passa tanta informação confiável como opinião descabida"
Eu acho que este título devia sofrer uma pequena modificação para:
Psicóloga (0) x (1000) Milena
Após ler este texto e a resposta da Milena, vocês vão perceber o porquê.
Milena, obrigado pelo texto. Só fiquei um pouco triste comigo mesmo porque percebi que ando cada vez com menos paciência. Não consigo mais escrever respostas como a sua.
Existem pessoas que não conhecem cultura, não entendem cultura, não valorizam cultura. Na verdade, o que me deixa triste é perceber que eu não tenho mais paciência para tentar mudar a cabeça de pessoas assim. Atualmente, meu pensamento é: "Morra na sua vida medíocre!"
Como diria o cara do Nóis Na Fita (vou falar sobre isso num próximo post): "FODA-SE com a sua ignorância e vá assistir o programa do Pastor R.R.Soares, pois é o único que vocês conseguem alcançar!"
Vamos ao texto...
Uma psicóloga que assistiu o filme Cazuza escreveu o seguinte texto:
“Fui ver o filme Cazuza, há alguns dias, e me deparei com uma coisa estarrecedora.
As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?
Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos.
A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.
São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar, pois o pai era diretor de uma grande gravadora.
Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso.
Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não.
Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada?
Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi conseqüência da educação errônea a que foi submetido.
Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?
Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor.
Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar. Não se preocupem em ser “amigo” de seus filhos.
Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.”
Minha resposta (Milena):
"Espero, sinceramente que você tenha me mandado esse e-mail para sorrir. Porque essa psicóloga, se for, comprou o diploma.
Comparar Cazuza com Fernandinho Beira-Mar?
A diferença básica é que o cantor trouxe a droga para seu próprio consumo, não financiou armas, não participou de quadrilhas, não torturou e nem matou ninguém(pelo menos não intencionalmente, já que possivelmente passou HIV para outras pessoas, numa época difícil na cultura e política brasileira), não controlou favelas, não revendeu drogas, não criou o PCC e diversos outros não.
E esse Siro Darlan?
São por causa de juízes retardados como esse que a metade de verdadeiros criminosos no país estão soltos. Por causa de juízes falsamente moralistas. E é óbvio que ela não sabe nada do seu próprio país.
Cazuza era filho de papai sim, e gravou graças a seu pai, o que não tira de forma alguma a genialidade dele. Não dá para saber o que teria acontecido se ele fosse pobre (e se Einstein tivesse nascido no Brasil existiria teoria da relatividade? Pergunta idiota? Pois é!), mas suas músicas são atemporais.
Sobre ele ser desajustado?!!!
Ninguém pede para seguir o exemplo de Cazuza (aliás, não somos vaquinhas que precisam de bois e vaqueiro para seguir). O filme, que assisti, não fala de modo algum sobre isso. Ele foi um anarquista que, a seu modo, mostrou a hipocrisia da burguesia do Rio de Janeiro da década de 80.
Um mauricinho que mostrou ao Brasil os primeiros ensaios de que preconceito é um atraso substancial. Era politizado, crítico e amante. Tinha uma personalidade forte.
O filme só mostrou como a vida criou uma mente que transformou parte da MPB. Aliás, uma parte curta e menos importante da vida dele. Já que suas mais belas canções e interpretações foi após a fase oba oba dele.
E quem descobriu o Cazuza não foi o pai (que, aliás, não enxergava o talento do filho) foi Caetano Veloso, depois de escutar a música “O Tempo Não Pára”.
Ele foi um anarquista, como grandes pessoas que hoje nos possibilitaram viver bem foram.
Vou dar como exemplo Pagu (lutou pelo direito das mulheres), Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina que foram todos anarquistas e marginais.
Viveram a margem da sociedade e mostraram através da música o que o Brasil tinha de pior e melhor. Eram drogados e nem por isso, diminuímos a importância que tiveram.
E que filha mais retardada. Ver um filme mostrando a vida de alguém e vai fazer igual?
No mínimo sem personalidade (se o filme mostrasse um matemático importante com esquizofrenia ela ia querer ser esquizofrênica também? Credo!).
E correção: Cazuza morreu porque naquela época não se conhecida métodos de prevenção de HIV e, muito menos, os remédios que retardam a replicação do vírus.
E por favor, analise com crítica o que lê. Esse e-mail é lixo.
E sobre filmes que falam de gente certinha também temos: “Orquestra de Meninos” e “O Senhor do Labirinto” (só os filmes que consegui me lembrar agora!).
Precisamos de todos eles, anarquistas, certinhos e gente que de alguma forma nos façam pensar e agir para mudar as coisas.
E coitada da mãe de Cazuza. Ajudou a fazer um filme e as pessoas acharam que era uma cartilha de como proceder durante a educação dos seus filhos. Quando o que na verdade ela queria dizer é que o ser humano é complexo e difícil de educar: perdi meu filho e a sociedade ganhou um artista.
Fico imensamente triste de ler barbaridades como esta. Que mostra que a Internet é uma ferramenta perigosa que passa tanta informação confiável como opinião descabida"
2 Comments:
Miguio,
Fico agradecido por ler opiniões sensatas como a sua na internet.
Não sou um internauta muito atuante, mas logo que comecei a ler o texto tão bem criticado por vc, realmente fiquei feliz.
Pouco antes de ler seu blog, abri a página em que a Sra Milena critica tão erroneamente as pessoas envolvidas no filme. Quase não terminei de ler, porêm estava curioso para ver até onde a limitação e unilateralidade da visão das pessoas pode alcançar.
Parabêns pelo Blog
Parabéns Milena, seu post tá perfeito.. Cazuza era um gênio. e quando assistir o filme.. sentir essa genealidade de forma tocante á ponto de me emocionar.
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